quinta-feira, 31 de março de 2011

O Organista


Chegou pela manhã, como fazia, para respirar a sós o ar puro da capela, quando as luzes começavam a inventar os vitrais, e a abóbada parecia de flores.

Seguiu até o alto, onde ficava o órgão, e sentou-se no banco acariciando as teclas, os olhos fechados, os dedos num leve tremor.

Quando o fole apertava o ar que, libertando-se no mesmo instante atravessava o tubo indo saltar para fora numa explosão de contentamento, sentia a porção de vida que lhe fora reservada na terra. E seus lábios sorriram agradecidos.



(Arte: Luiz Cadaval)

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