
A velha era católica fervorosa. Levantava-se cada manhã de joelhos. Mesmo quando os primeiros sinais da osteoporose começaram a aparecer. Juntava uma mão na outra, olhava para cima, para o canto descascado no teto do quarto, e fechava os olhos em prece.
Quando viu o moleque do vizinho subir seu muro para pegar um caju que despontava deliciosamente do cajueiro, agarrou a vassoura atrás da porta, saiu soleira a fora brandindo-a nos ares,e num pecado gritou as palavras que jurara jamais deixar manchar seu sacro vocabulário.
Então deixou-se largar na cadeira da varanda, num quase gozo, e soltou a mão de Deus.
(Arte: Luiz Cadaval)
Pois faltava mesmo aparecer a arte do Luiz Cadaval!!! E o seu texto também eu queria ver circulando. Um beijo pros dois.
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